Quem escreveu a Bíblia?

Essa dúvida atormenta muitos e muitos. Perguntar a um católico - já fiz isso, acredite - resulta em uma resposta rápida, talvez automática: foi Deus. Analizando mais a fundo e insistindo numa explicação melhor, ouve-se: foi por "inspiração divina".

Antes de continuar, precisamos entender, ao exato, o que seria essa tal "inspiração divina". Ela funcionaria assim: Deus, com o objetivo de iluminar as cabeças terráqueas com conhecimento útil, recruta "profetas de ocasião" e os passa, mentalmente, as informações, exigindo que ele passe-as à frente.

Temos que salientar algo: os católicos não conferem autenticidade aos livros espíritas escritos por psicografia. O que isso tem a ver? Tudo. A psicografia acontece assim: o médium (pessoa com grande "sensibilidade espiritual") recebe informações de um espírito desencarnado, que a ordena passar tais informaçõe à frente. Nota-se uma semelhança com o sistema católico de "inspiração divina". A diferença é que os católicos não aceitam que outros façam isso.

Concluímos que, diretamente ou não, o livro sagrado católico foi escrito por homens normais, reles pecadores à serviço de Deus. Considerando a capacidade - e normalidade - do erro humano, o que nos garante veracidade aos sagrados textos? O que nos garante veracidade a essa seleção de crônicas, chamada de livro sagrado? Digo crônicas porque a Bíblia não passa de um livro de histórias bonitinhas que levam o ser humano a descobrir o que é certo e o que é errado e, principalmente, que será punido pelos seus erros.

Voltando a questão da autenticidade: supondo que a Bíblia Sagrada Católica - ou qualquer outro livro sagrado - tenha, realmente, sido escrito por "inspiração divina", não há de se considerar a hipótese de modificações em seu conteúdo? Lembrar-lhes-ei de que a Bíblia vem sendo traduzida e copiada, manualmente, há séculos. Será que ninguém fez nenhuma mudançazinha em prol de uma melhor e, principalmente, mais obediente sociedade? A máxima já diz: "Quem conta um conto, aumenta um ponto."